A FertíAngola vai inaugurar, a 28 de Novembro de 2022, uma fábrica de produção de Blend (mistura de fertilizantes) e ensacamento, na província de Benguela, informou António Bugalho, director-geral daquela empresa que falou recentemente ao Mercado. Instalada no Polo de Desenvolvimento Industrial da Catumbela, província de Benguela, a nova fábrica, orçada em mais de cinco milhões USD, tem capacidade instalada de 200 toneladas blend e 600 toneladas de ensacamento por dia.
A nova infra-estrutura da FertíAngola, assegurou António Bugalho, conta com três linhas de ensaque que vai permitir disponibilizar diversas fórmulas de fertilizantes ao mercado em diferentes tipos de embalagem, incluindo big bag (embalagem de grande volume que pode ultrapassar os 1 200 quilogramas).
Face à construção da fábrica, aquela empresa ligada ao agronegócio (como alegou António Bugalho) ampliou a área de armazenamento para 17 300 metros quadrados, tendo agora capacidade de armazenar (pelo menos) 35 mil toneladas, das quais 20 mil em granel. Esta nova instalação vai também permitir a prestação de serviços a terceiros, o que será uma mais valia e diversificação para a empresa.
A taxa de trabalhadores expatriados (2,63%), comparativamente ao de nacionais, motivou o director-geral da FertíAngola afirmar que aquela empresa esta focada em formar e apostar em quadros especializados nacionais. “A nossa empresa está consciente da responsabilidade social, deste modo contribui para o desenvolvimento local a nível industrial com a criação de novos postos de trabalho, apostando na formação de profissionais angolanos, tendo como um dos objectivos a especialização neste sector da economia”, disse António Bugalho.
Bugalho considera que a FertíAngola se caracteriza por ser um player de referência no País, quanto ao fornecimento de produtos agro-pecuários, pest-control e equipamentos, privilegiando a proximidade com os clientes, na maioria agricultores. A empresa em questão, segundo o responsável máximo, é das poucas que produz blend no mercado nacional, o que lhe permite fornecer produtos de acordo com as necessidades dos consumidores.
Relativamente ao sector, António Bugalho defende ser um dos principais na economia nacional e disse ter potencial para crescer, pois o mercado pode absorver anualmente entre 70 000 a 80 000 toneladas de fertilizantes. “É um mercado de oportunidades”. Se o sector for devidamente apoiado e desenvolvido, terá um impacto significativo na balança de pagamento de Angola, podendo baixar (significativamente) a dependência ao exterior neste mercado. Aliás, “este é um segmento da economia que merece a atenção do governo central e local”.
O diretor-geral da FertíAngola também considera importante a formação de técnicos locais para que possa existir maior capacidade técnica e inovadora, o que poderá reduzir (em muito) o recurso a profissionais expatriados. Apesar do mercado ser atractivo, aquela sociedade tem enfrentado dificuldades, principalmente pelo conflito que opõe a Rússia à Ucrânia, pois provocou a diminuição de matéria-prima e o aumento do custo da mesma.
Por outro lado, “a fraca ou inexistência de produtos financeiros para cobertura de riscos cambiais, mercado de derivados e outros instrumentos financeiros no mercado angolano, impossibilita-nos, de mitigarmos o risco de exposição cambial”, realçou António Bugalho, fazendo referência às dificuldades que a FertíAngola tem enfrentado com a desvalorização cambial do kwanza.
O custo de energia, aumento das taxas de juro, na tentativa de controlo da inflação, aliada à instabilidade dos mercados financeiros e cambial, “faz-nos antever uma exposição que teremos de acompanhar diariamente, face à total dependência de importação”. Fundada há 17 anos, a FertíAngola é uma empresa de direito angolano vocacionada à produção, distribuição de insumos agrícolas, produtos veterinários e sistemas de rega.
Fonte: Mercado